Notas de Estudo: Tratado sobre o amor de Deus

 No post anterior, eu fiz uma resenha sobre o Tratado do amor de Deus de São Bernardo de Claraval.

Hoje vou colocar aqui trechos do fichamento que fiz dos trechos mais importantes que achei, sempre faço isso e depois retorno para ler os pontos que separei.

Esse livro está disponível na Amazon, na forma física e como ebook,  mas cuidado, na Amazon tem outra versão protestante, em que suprimiram alguns trechos do que São Bernardo escreveu, portanto procurem o da editora Paulus.

                                      

·        Queres então saber de mim por qual motivo e em que medida devemos amar a Deus? Bem, digo que o motivo de nosso amor a Deus é o próprio Deus, e que a medida desse amor é amar sem  medida. 

·        [...]duas razões para Deus ser amado por si mesmo: não há nada de mais justo e nada de mais vantajoso. 

·        [...] O grandioso Deus se deu a nós a despeito de nossa indignidade. 

·        Quando perguntamos quais razões temos para a Deus, e como adquiriu o direito do nosso amor, constatamos que a principal é que Ele nos amou primeiro. Merece então nossa retribuição, sobretudo se considerarmos quem é aquele que ama, quem são os amados e como os ama. 

·        Sobre os bens de primeira ordem, é na alma, esta porção de nosso ser que supera outra, devemos buscá-los: são a dignidade, inteligencia e a virtude. 

·        Quando falo de dignidade do homem é ao seu livre-arbítrio que faço alusão; com efeito, é por ele que se eleva por cima de todos os outros seres vivos, e que os submete a seu domínio.  Pela inteligencia reconhece sua dignidade e também compreende que ela não provém dele. Enfim, a virtude faz buscar com ardor seu Criador e abraçá-lo com força, quando o encontra. 

·        A dignidade é a prerrogativa da própria natureza humana e esta no temor que o homem inspira necessantemente em todo ser vivo da terra

·        A inteligencia percebe a dignidade do homem e todos os outros bens que estão nele

·         A virtude [...] Nos faz, de um lado, buscar com ardor o autor de nosso ser e, de outro, abraça-o com força, uma vez que o encontramos.

·        A dignidade sem inteligencia, não serve para nada, e esta sem a virtude não pode senão ofender, como prova o raciocínio seguinte: ninguém pode se glorificar do que tem se não sabe que o tem.

·        Desse modo, se queremos que Cristo faça em nós sua morada, é preciso que nossos corações sejam preenchidos da fiel lembrança da misericórda e do poder, que nos foram mostrados em sua morte e em sua ressurreição.

·        Quanto à alma fiel, ela suspira com tdas as forças pela visão de Deus, e repousa suavemente em sua lembrança;  ela se glorifica das ignominias da Cruz, enquanto não lhe é dado contemplar o Senhor face a face.

·        Deus nos ama e nos ama de todo o seu ser; pois a Trindade nos ama inteira, se é que é possivel se expressar assim, falando do ser infinito e incompreensível no qual não existem partes.

·        Não somente Deus me deu o ser sem que houvesse merecido,  não somente provou todas as minhas necessidades; ele me consola com bondade e me dirige com solicitude; mais ainda, é o autor da minha redenção e de minha salvação eterna; é para mim um tesouro e uma fonte de gloria.

·        O que concederei ao Senhor por tudo isso? A razão e a justiça natural me impõe uma obrigação premente de me dar inteiro àquele de quem recebi tudo o que sou, e de consagrar todo o meu ser a amá-lo.

·        A fé também me diz para ter por ele um amor tão grande que compreendo bem que devo estimá-lo mais do que a mim mesmo, porque se recebi tudo o que sou a partir de sua munificiência, também lhe devo o dom que fez de si mesmo para mim.

·        Quando me criou, me deu a mim mesmo; mas restituiu o meu ser, quando me deu a mim; criado inicialmente, restituído em seguida, então, eu me devo a ele por mim, e me devo duas vezes. Mas o que oferecerei a Deus por ele? Pois, se pudesse me dar mil vezes, que seria isso em comparação a Deus?

·        [...] Ele nos amou primeiro; ele tão grande, nós tão pequenos; ele nos amou em excesso, tal qual somos, e antes de qualquer mérito de nossa parte [...]

·        O amor é um movimento da alma, e não um contrato; não é adquirido em virtude de uma convenção, nem de nada desse tipo; ele é completamente espontâneo em seus movimentos e nos torna semelhantes a ele: enfim, o verdadeiro amor se satisfaz consigo mesmo.

·        O verdadeiro amor não busca nenhuma recompensa, mas ele a merece; certamente,  não se pede àquele que se ama uma recompensa por seu amor,  mas ele merece ser recompensado e o será, se continuar amando.

·        A natureza é muito frágil e muito fraca para seguir tal recomendação. Ela começa por amar a si mesma; é o amor que se chama carnal. O homem, então, se ama antes de tudo e por si mesmo[...]

·        Mas se, enquanto compartilha com o próximo, a si mesmo falta o necessário, o que é preciso fazer? Nada além de orar com confiança àquele dá a todos generosamente, sem jamais regular seus dons, que abre uma mão generosa e sacia todos os seres vivos.

·        Ele está comprometido a dar o necessário àquele que restringe o supérfluo e ama o próximo; trata-se de buscar primeiro o reino de Deus, implorar sua ajuda contra a tirania do pecado e suportar o jugo da pureza e da sobriedade, em vez de permitir ao pecado reinar em nosso corpo perecível.

·        Mas para que o nosso amor ao proximo  seja perfeito, Deus precisa ser incluído [...]

·        [...] Devemos então começar a amar a Deus, se se quer amar o proximo nele, de sorte que Deus, que é o autor de todos os outros bens, o é também de nosso amor por ele.

·        Ora, a continuidade das provações nos obriga a recorrer frequentemente a Deus, mas é impossível voltar para ele sem gostar dele sem reconhecer como ele é bom

·        E, então, um amor repleto de pureza, porque não se manifesta nem por gestos nem por palavras, mas por obras e pela verdade; é um amor cheio de justiça; porque dá quanto recebe. Quem ama com esse amor, ama tanto quanto é amado, e não busca, por sua vez,  senão os interesses de Jesus Cristo, e não mais os seus próprios; como Jesus, que buscou o nosso, ao invés de nós, que o buscamos egoisticamente.

·        Aquele que louva ao Senhor, não porque ele é bom para si, ama verdadeiramente Deus por Deus, e não por si.

·        Mas o que se deve pensar das almas atualmente livres de seu corpo? Creio que estão totalmente imersas no oceano sem fim da luz eterna e da imensidão luminsa.

·        A alma que ama a Deus tira vantagem de seu corpo fraco e enfermo, quer esteja vivo, morto ou ressuscitado; durante a vida dele produz com ela os frutos da penitencia; na morte ele serve para seu repouso,  e após a ressureição contribui para a consumação de sua felicidade

·        A caridade é uma lei doce e boa

·        Enquanto somos carnais e nascemos da conscupicência da carne, isto é a da cupidez, o amor deve começar em nós pela carne; mas, se é guiado por um bom caminho, avança por graus sobre a condução da graça e não pode deixar de chegar,  enfim, à perfeição,  pela influência do espirito de Deus [...]

·        O homem começa então, por amar a si mesmo, por que é carne e não pode gostar senão do que se relaciona com ele; depois quando vê que não pode subsistir por si mesmo, coloca-se a buscar a fé e a amar Deus como um ser que lhe é necessário. Não é senão em segundo lugar que ama a Deus; [...]

·        Mas tão logo pressionado por sua propria miseria, começa a servir a Deus e a se aproximar dele, pela meditação e pela leitura, pela prece e pela obediencia, chega a pouco a pouco e se habitua, sem perceber, a conhecer Deus, e, por consequencia a achá-lo doce e bom: enfim após ter apreciado o quanto é amável, eleva-se ao terceiro grau; então não é mais por si, mas é por Deus que ama a Deus.


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